Reforma tributária pode aumentar conta de água em 18% em 2025, alerta setor de saneamento

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Economia
Em 22 de Novembro de 2024 às 14:41
Edição de PEonline

Especialistas destacam impacto na saúde pública e desafios de cobertura de água e esgoto, especialmente em Pernambuco.

A diretora-executiva da Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon Sindcon), Christianne Dias, alertou para um possível aumento médio de 18% na conta de água dos brasileiros em 2025, como consequência da reforma tributária. Durante uma reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, realizada na última quinta-feira (21), ela destacou que a mudança no regime de tributação pode penalizar ainda mais o setor de saneamento básico no país.

Atualmente, o setor é tributado em 9,74% sobre a receita bruta. Com a reforma, a alíquota do novo IVA dual, estimada entre 26% e 28%, será aplicada integralmente, sem regime diferenciado. Segundo Christianne, a medida afetará toda a população, especialmente os mais vulneráveis. “Saneamento está diretamente ligado à saúde pública. A falta do serviço acarreta doenças e aumenta os gastos com internações no SUS”, afirmou.

 

Saneamento em Pernambuco: desafios e desigualdades

No contexto pernambucano, os índices de saneamento básico refletem a urgência de investimentos no setor. Um estudo do Tribunal de Contas do Estado (TCE) revelou que apenas 30,8% da população têm acesso à coleta de esgoto, enquanto 83,56% contam com abastecimento de água tratada, números abaixo das médias nacionais de 55,81% e 84%, respectivamente.

Algumas cidades do estado enfrentam situações críticas:

  • Santa Cruz da Baixa Verde: 1,5% de cobertura de água tratada.
  • Paranatama: 12,02%.
  • Jupi: 15,61%.
  • Jataúba: 20,12%.
  • Casinhas: 22,31%.

Além disso, localidades como Santa Cruz do Capibaribe, Camaragibe e São João apresentam baixos índices de coleta de esgoto, chegando a 98% da população sem atendimento em algumas dessas cidades, segundo o Instituto Água e Saneamento.

Apesar da parceria público-privada da Compesa, firmada em 2013 com a meta de universalizar o saneamento até 2030, avanços significativos ainda são necessários. Em áreas como Porto de Galinhas, conhecida internacionalmente por suas praias, comunidades periféricas vivem sem acesso a serviços básicos de água e esgoto.

Impacto social e ambiental

O aumento nas tarifas pode agravar ainda mais o acesso desigual ao saneamento, prejudicando comunidades já vulneráveis e dificultando o combate a doenças relacionadas à falta de infraestrutura básica. “O setor de saneamento no Brasil deveria receber o mesmo tratamento diferenciado que observamos em países da União Europeia”, argumentou Christianne Dias.

O debate sobre a reforma tributária e seus desdobramentos para o saneamento básico reforça a necessidade de um planejamento que leve em conta o impacto social e econômico das mudanças, especialmente para regiões como Pernambuco, onde os desafios estruturais ainda são alarmantes.

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