Apesar de ser o setor que paga os maiores salários médios no Brasil, a indústria foi o segmento produtivo que menos gerou vagas de emprego formais em 2023, segundo dados preliminares da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgados nesta quinta-feira (12) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
No geral, os cinco principais setores econômicos criaram 1.511.203 novos postos de trabalho, elevando o total de empregos formais no setor privado de 42,9 milhões, em dezembro de 2022, para 44,4 milhões no final do ano passado, um crescimento de 3,5%.
O destaque foi para a construção civil, que registrou um aumento de 6,8% nos vínculos formais, somando 181.588 novas vagas. O setor de serviços teve um crescimento de 4,8%, com a criação de 962.877 empregos, enquanto o comércio e a agropecuária expandiram 2,1% e 1,9%, respectivamente. A indústria, por sua vez, apresentou o menor aumento, com 121.318 novas vagas, um crescimento de apenas 1,4%.
A subsecretária nacional de Estatística e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, destacou que, apesar do baixo crescimento na criação de vagas, a indústria continua sendo o setor com o maior salário médio, de R$ 4.181,51, seguida pelos setores de serviços (R$ 3.714,89), construção civil (R$ 3.093,97), comércio (R$ 2.802,51) e agropecuária (R$ 2.668,58). Os salários dos trabalhadores formais no setor privado aumentaram, em média, 3,6%, passando de R$ 3.390,58 para R$ 3.514,24, já considerando a inflação.
Os dados completos da Rais 2023, incluindo o setor público, serão divulgados no quarto trimestre.
Paula Montagner também explicou que os números da Rais podem diferir dos apresentados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado em janeiro, devido ao prazo mais longo de coleta de informações, que, este ano, foi encerrado em 31 de maio.
O Sudeste concentra 51,2% dos empregos formais, seguido pelo Sul (18,4%) e Nordeste (16,4%). No entanto, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram os maiores crescimentos percentuais. O Piauí teve o maior aumento de empregos formais entre os estados, com 7,3%, seguido por Amapá (6,8%), Tocantins (6,6%) e Roraima (6,3%).
A Rais também apontou um crescimento expressivo no número de aprendizes, trabalhadores temporários e avulsos em 2023. Já o total de contratos a prazo determinado teve uma ligeira queda. Em relação à distribuição por gênero, as mulheres ocuparam 40,9% dos postos de trabalho formais no ano passado. Houve também um aumento da participação de trabalhadores mais velhos, especialmente na faixa etária entre 40 e 49 anos.
Quanto à nacionalidade, o grupo de trabalhadores venezuelanos foi o que mais cresceu no Brasil, totalizando 124.607 empregados formais, seguido por haitianos (44.481) e paraguaios (13.469). Além disso, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho formal também registrou crescimento, passando de 1,27% para 1,28%, principalmente com a contratação de pessoas com deficiências físicas ou múltiplas.